segunda-feira, 12 de novembro de 2012

OS SINAIS DOS TEMPOS

Por Anthony A Hoekema
  
Geralmente, a expressão “os sinais dos tempos” é usada para descrever certos acontecimentos ou situações dos quais se diz que procedem ou apontam para a Segunda Vinda de Cristo. Nessa posição, a orientação primordial destes sinais é para o futuro, especialmente para os eventos que cercam a Parousia.

Deve ser observado, entretanto, que na única passagem onde a expressão citada acima é utilizada na Bíblia “os sinais dos tempos” se refere primeiramente não ao que ainda é futuro, mas aquilo que Deus fez no passado está revelando no presente: “Sabei, na verdade, discernir o aspecto do céu, e não podeis discernir os sinais dos tempos” (Mt 16.3).

As palavras gregas usadas aqui são ta semeia ton kairon. Embora a palavra semeion possa ter uma variedade de significados, aqui ela, provavelmente, designa “um símbolo significativo dado por Deus, indicando o que Deus fez, ou está fazendo, ou está para fazer”1. Kairos, geralmente significando momento no tempo ou período de tempo, aqui deve se referir a um período da atividade divina que deveria ter levado (as pessoas) a quem Jesus falou (fariseus e saduceus) a uma decisão de fé nele, mas que obviamente não o fez. Os fariseus e saduceus tinham acabado de pedir que Jesus lhes mostrasse sua autenticidade, apresentando-lhes um sinal dos céus. Jesus respondeu na palavra do verso 3, citado acima. Ele os repreendeu pelo fato de não serem capazes de discernir os sinais que o Messias predito pelos profetas estava realmente em seu meio. Jesus já tinha indicado a João Batista o que eram alguns desses sinais: “Os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e aos pobres está sendo pregado o Evangelho” (Mt 11.5). Baseados nestes “sinais dos tempos”, os líderes judeus deveriam ter percebido que o grande e decisivo evento da história tinha acontecido com a vinda do Messias. Sua recusa em discernir estes sinais foi a causa de sua condenação.

É naturalmente verdadeiro que “sinais dos tempos”, dos quais Jesus falou, também apontavam para o futuro. Se estes líderes continuassem a falhar em reconhecer Jesus como Messias, o julgamento futuro os esperaria, bem como a todos os que os seguissem. Assim, podemos admitir que estes sinais realmente apontavam para o futuro. Mas sua indicação primeira não era para o futuro, mas para o passado e o presente.

Um dos problemas que temos de considerar, em conexão com os sinais dos tempos, conforme tradicionalmente entendido, é este: Se estes sinais apontam para certos eventos que ainda tem de ocorrer, antes que Jesus venha de novo, como podemos nós estar sempre prontos para essa volta? Será que a consideração destes sinais não carrega consigo o período de jogar a volta de Cristo para o futuro longínquo, de modo a não mais precisarmos nos preocupar com estar sempre prontos? Será que a falta de uma expectação vívida da Parousia entre cristãos de hoje não seria devida a uma ênfase excessiva sobre a doutrina dos sinais dos tempos?

Teremos de encarar este problema ao prosseguirmos na discussão destes sinais. Antes de o fazermos, porém, deveríamos considerar algumas interpretações erradas dos sinais
dos tempos.

Uma destas interpretações erradas é considerar os sinais dos tempos como se referindo exclusivamente ao tempo do fim, isto é, como se eles apenas se referissem ao período imediatamente anterior à Parousia e não tivessem nada a dizer sobre os séculos anteriores à Parousia. Que esta é uma visão errada de tais sinais fica óbvio primeiramente com o uso que Jesus faz dessa expressão em Mt 16.3, onde os sinais dos tempos se refere claramente mais ao passado e ao presente do que ao futuro. Fica igualmente óbvio com o fato de que tanto Jesus como Paulo falaram desses sinais, ao se dirigirem aos seus contemporâneos. Com certeza Jesus e Paulo não estavam se fazendo ininteligíveis a seus ouvintes e leitores quando se referiam a estes sinais! No assim chamado “sermão profético, registrado em Mateus 24, Marcos 13 e Lucas 21, Jesus fornece vários sinais que tiveram seu cumprimento inicial na época da destruição de Jerusalém; uma vez que este discurso exemplifica o princípio da condensação profética, entretanto, os sinais nele mencionados terão um cumprimento posterior no tempo da Parousia. Entrementes, todos os sinais dos tempos descritos no Novo Testamento caracterizam todo o período entre a primeira e a Segunda Vinda de cristo, e cada década deste período 2. Os sinais dos tempos, por essa razão, convocam a Igreja a uma vigilância constante.

Outra compreensão errada desses sinais é considerá-los apenas em termos de eventos anormais, espetaculares ou catastróficos. Com base nesta posição, que tem afinidade com a visão errônea recém-discutida, os sinais são considerados como interrupções espetaculares do curso normal da história, que chamam irresistivelmente a atenção para si mesmos. Mas, se os sinais da volta de Cristo forem desse tipo, como poderemos estar continuamente vigilantes? O próprio Jesus fez advertência contra esse modo de compreender os sinais quando disse aos fariseus: “Não vem o Reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o Reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17.20,21). O comentário de Berkouwer sobre esta passagem é objetivo: “As palavras que Cristo usa obviamente não são dirigidas contra ‘ver’ os sinais, mas contra uma expectação do Reino orientada para o espetacular e incomum, e dessa forma negligenciando o elemento da decisão pessoal” 3.

É mister acrescentar mais uma palavra de advertência aqui. Os sinais espetaculares são associados especialmente com o reino de Satanás; por essa razão, eles poderiam ser enganosos. É dito que a vinda do homem da iniqüidade será “com todo poder, e sinais e prodígios da mentira” (2 Ts 2.9). E sobre o surgimento da besta da terra descrito em Apocalipse 13, é dito que ela “opera grandes sinais, de maneira que até fogo do céu faz descer à terra diante dos homens. Seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhe foi dado executar diante da besta” (vs. 13,14). Ao invés de esperar sinais espetaculares, portanto, o povo de Deus deveria estar alerta para discernir os sinais da volta de Cristo, primeiramente no processos não-espetaculares da história. Não é negado que possa haver sinais catastróficos tais como terremotos, mas é um erro limitar os sinais à categoria do incomum e do anormal.

Uma terceira maneira errada de compreender os sinais dos tempos é tentar usá-los como modo de datar o tempo exato da volta de Cristo. Tentativas assim tem sido feitas ao longo da história cristã. Em 1818, por exemplo, após um período de dois anos de estudo da bíblica Willian Miller concluiu que Cristo estaria voltando em algum momento entre 21 de Março de 1843 e 21 de Março de 18444. O próprio Cristo, porém, condenou todas essas tentativas quando nos disse que ninguém conhece o dia ou a hora de seu retorno, nem mesmo o Filho (Mc 13.32; Mt 24.36). Se o próprio Cristo não sabia o dia, quem somos nós para tentar saber mais do que Cristo? Os sinais dos tempos nos falam acerca da certeza da Segunda Vinda, mas não divulgam sua data precisa5.

Um terceiro uso errado dos sinais leva à tentativa de construir um cronograma exato de acontecimentos futuros. Esta tentativa tem sido característica de vários movimentos sectários escatologicamente orientados6; ela continua a ser característica de certos tipos de dispensacionalismo 7. Mas Charles Hodge indicou muitos anos atrás, este não é o propósito da profecia bíblica: “O primeiro assunto a ser considerado [na interpretação da profecia] é o verdadeiro desígnio da profecia, e como este desígnio deve ser determinado. A profecia é muito diferente da história. Ela não pretende nos dar, do futuro, um conhecimento análogo ao que a história nos dá a respeito do passado” 8. A título de exemplo, Hodge observa que, embora muitas profecias foram dadas pelos profetas do Antigo Testamento, acerca do primeiro advento de Cristo, ninguém sabia exatamente como estas profecias seriam cumpridas até que Cristo, efetivamente, chegasse: “Cristo realmente foi um rei, mas não um rei conforme o mundo sempre havia conhecido, e foi um rei como homem nenhum esperava; ele foi um sacerdote, mas o único sacerdote em todos os tempos de cujo sacerdócio ele próprio era a vítima; ele de fato estabeleceu um Reino, mas não era um Reino deste mundo” 9.

É concebível que alguém responda que a razão pela qual muitos dos contemporâneos de Cristo não o reconheceram como aquele que cumpria as profecias veterotestamentárias acerca do Messias, era que eles falharam em vê-lo com os olhos da fé. Isto é de fato verdadeiro. Mas é igualmente verdadeiro que muitos daqueles que efetivamente creram em cristo, tiveram dificuldades em enxergar como ele cumpria  as predições do Antigo Testamento. Por exemplo, João Batista, o precursor de Jesus, que primeiramente tinha apresentado Jesus como o Messias prometido, começou mais tarde a ter suas dúvidas. Após João ter sido aprisionado, ele enviou seus discípulos a Jesus para perguntarem a este: “És tu aquele que estava para vir, ou havemos de esperar outro?” (Mt 11.3). Por que tem João agora suas dúvidas? Porque ele tinha imaginado o Messias  que estava apresentando como alguém que estava para cortar as árvores que não produzissem fruto, queimando a palha em fogo inextinguível (Mt 3.10,12). Enquanto que o Jesus, de quem ele ouvia, não fez nenhuma destas coisas. Jesus respondeu chamando a atenção para seus milagres de cura e sua pregação do Evangelho aos pobres (vs.4,5),  o que Isaías tinha predito que o Messias iria fazer (Isaías 35.56; 61.1). João estava esperando que Jesus cumprisse, em sua primeira vinda, as atividades de juízo que ele executaria em sua Segunda Vinda; até o momento em que ele recebeu a mensagem corretiva de Jesus, ele falhou em perceber que as ações de cura e pregação do Messias deveriam ser executadas na sua primeira vinda. Em outras palavras, João confundiu a Segunda Vinda de Cristo com sua primeira vinda; embora ele tenha crido que todas as promessas do Antigo Testamento, acerca do Messias, seriam cumpridas, ele não entendeu propriamente o modo pelo qual elas seriam cumpridas.

Se crentes como João Batista puderam ter problemas desta espécie com profecias acerca da primeira vinda de Cristo, que garantia temos nós de que os crentes (hoje) não terão dificuldades semelhantes com profecias acerca da Segunda Vinda de Cristo? Estamos confiantes de que todas as profecias acerca da volta de Cristo e do fim do mundo serão cumpridas, mas não sabemos exatamente como elas serão cumpridas.

Tanto Ridderbos como Berkouwer são muito críticos sobre o que eles denominam “Escatologia de reportagem” - a tentativa de entender as profecias escatológicas da Bíblia como algo que nos fornece uma espécie de relatório feito em “noticiário formalístico” sobre a ordem exata dos eventos que ocorrerão no tempo do fim. De acordo com o primeiro, a tentativa de chegar a tal ordem de eventos baseada nos dados bíblicos é uma má utilização da Bíblia10. De acordo com o segundo, a crença de que a proclamação escatológica do Novo Testamento pretende fornecer um relatório narrativo mais ou menos exato dos acontecimentos futuros, é baseada numa compreensão seriamente errônea do propósito de tais proclamações11. Tentativas de elaborar tais relatórios narrativos do futuro, na verdade, freqüentemente erram o verdadeiro objetivo dos escritores bíblicos. Conforme Berkouwer pondera: “A elaboração do que temos denominado Escatologia de reportagem  parece talvez fornecer uma resposta adequada à teoria do atraso da Parousia, mas freqüentemente não se percebem seus efeitos negativos. Com sua preocupação com guerras, como fenômenos caóticos da história, há uma penetração de incerteza e o cerne da verdadeira proclamação escatológica se perde” 12.

Tendo visto algumas maneiras erradas de compreender os sinais dos tempos, passemos agora a inquirir: Como devemos entender estes sinais? Qual é sua verdadeira função? Primeiramente, discutiremos os sinais dos tempos em geral; somente depois de termos feito isso, trataremos dos diversos sinais separadamente.

(1) Embora, geralmente, consideremos os sinais dos tempos como apontando para o futuro, estes sinais apontam, antes de tudo, para o que Deus fez no passado. Este, conforme vimos acima, era o sentido primário dos sinais dos tempos aos quais Jesus se referiu em Mateus 16.3: “Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do céu, e não podeis discernir os sinais dos tempos”. Os sinais dos tempos revelam que a grande vitória de Cristo foi conquistada, e que por causa disso a mudança decisiva na história aconteceu. Eles revelam que Deus está trabalhando no mundo, ocupado em cumprir suas promessas e trazer à realização a consumação final da redenção13. Eles revelam o sentido central da história. O Senhor domina, e está realizando seus propósitos14.

Discernir os sinais dos tempos, portanto, tem implicações importantes para nossa conduta diária. Significa “remir o tempo, porque os dias são maus” (Efésios 5.16). Significa “andar como filhos da luz” (Efésios 5.8). Em Romanos (13), Paulo apela para seus leitores para que mostrem, pela qualidade de suas vidas, que eles sabem que tempo está marcado no relógio de Deus: “E digo isto a vós outros que conheceis o tempo, que já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto do que quando no princípio cremos. Vai alta a noite e vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas, e revistamo-nos das armas da luz. Andemos dignamente, como em pleno dia” (vs.11-13).

(2) Os sinais dos tempos também apontam no futuro para o fim da história, especialmente para a volta de Cristo. Conforme já vimos, estes sinais não nos contam o tempo exato quando Cristo retornará e quando sucederão os eventos que acompanham seu retorno, mas ele efetivamente nos asseguram de que estas coisas certamente ocorrerão. Mais de uma vez Jesus usou expressões tais como “e então virá o fim”, após ter revelado o que seriam alguns dos sinais (Mateus 24.14,29,30). Paulo falou aos tessalonicenses que “aquele dia não virá, sem que primeiro venha a apostasia, e seja revelado o homem da iniqüidade”. (2 Ts 2.3). assim, os sinais dos tempos também apontam para o futuro. Mas eles apontam para o futuro baseados no que Deus já fez no passado. A pregação escatológica testemunha acerca do futuro do ponto de vista da salvação que já veio15.

Os sinais dos tempos, portanto, apontam tanto para  o passado como para o futuro. Eles dão ênfase à tensão entre o já e o ainda não, na qual vive a Igreja do Novo Testamento: já desfrutamos da luz da vitória de Cristo, gozando das primícias do Espírito, e somos novas criaturas em Cristo -, mas ainda não somos o que deveremos ser e, por causa disso, aguardamos ansiosamente o retorno glorioso de nosso Senhor16.

(3) Os sinais dos tempos revelam, na história, a antítese contínua entre o Reino de Deus e os poderes do mal. De acordo com a parábola do joio, que Jesus contou, o trigo e o joio crescem lado a lado até a ceifa do fim do mundo. Isto significa que podemos esperar que a luta entre as forças de Deus e as forças de Satanás continue por toda a história do mundo. Os sinais dos tempos continuam a dar testemunho dessa luta. Alguns dos sinais, especialmente o sinal da pregação do Evangelho às nações, indicam que o poder de Deus está operando no mundo e que seu Reino está crescendo. Outro sinais, entretanto, como o da presença de forças do anticristo, do crescimento da apostasia e iniqüidade e da ocorrência repetida de guerras e rumores de guerra, indicam a presença dos poderes do mal. Dessa forma, os sinais dos tempos revelam a presença contínua tanto da graça e longanimidade de Deus como da ira de Deus. Estes sinais nos contam, em outras palavras, que aquele a quem esperamos virá tanto como Salvador quanto como Juiz17.

(4) Os sinais dos tempos pedem uma decisão. Jesus censurou seus contemporâneos porque eles não discerniram adequadamente os sinais dos tempos. Através desses sinais, Deus continua a convocar os homens a crerem em seu Filho para serem salvos. Para o incrédulo, que não presta atenção aos sinais dos tempos, portanto, estes apenas servirão para aumentar sua condenação. Mas, embora os incrédulos ignorem estes sinais, os crentes estão a eles atentos. Quando eles assim procedem, os sinais tornam-se para eles cânticos de alegria: indicações de que o Senhor está no trono, e de que sua volta está próxima18.  Mesmo quando ele vê os sinais desagradáveis, portanto (como apostasia, falsos profetas e falsos cristos, perseguição e tribulação), o crente não é desencorajado. Pois ele sabe que as forças do anticristo sempre estão sob o controle de Deus, e que nunca podem frustar o propósito final de Deus. Ele sabe também que mesmo estes sinais desagradáveis devem ser esperados, e que são indicações de que a volta de Cristo está a caminho.

(5) Os sinais dos tempos requerem vigilância constante. Conforme vimos, tanto Jesus como Paulo indicam que certas coisas têm de acontecer antes da Parousia. Mas ambos igualmente ensinam que o tempo exato da Parousia é desconhecido. Isto significa então, que uma vigilância contínua pela Parousia é exigida. Por causa disso, não há contradição entre observar os sinais dos tempos e uma prontidão constante; é exatamente a natureza dos sinais que requer tal vigilância. Conforme Jesus disse: “Portanto, vigiai por que não sabeis em que dia vem o vosso Senhor” (Mateus 24.42).

Foi observado, anteriormente, que uma das compreensões erradas dos sinais dos tempos é considerá-los como se referindo exclusivamente ao tempo do fim. A partir do desenvolvimento do significado dos sinais que acabamos de dar, ficará evidente que estes sinais têm estado presentes ao longo da era cristã. Eles estavam presentes ao tempo em que o Novo Testamento foi escrito, estiveram presentes ao longo dos séculos que já se passaram, e estão presentes agora. Dessa forma, os sinais dos tempos têm uma relevância contínua para a igreja de Jesus Cristo.

É bem comum, especialmente nos círculos dispensacionalistas, dizer que a Segunda Vinda de Cristo é “iminente”. Se, por “iminência” quer-se significar que nenhum evento predito necessita acontecer antes que Cristo venha de novo, esta posição nos traz dificuldades - uma vez que, conforme vimos, o Novo Testamento ensina que algumas coisas realmente têm de acontecer antes que ocorra a Parousia. Os dispensacionalistas pré-tribulacionistas dividem a Segunda Vinda de Cristo em duas etapas. Na primeira etapa, freqüentemente denominada “vinda para seus santos”, Cristo arrebata a Igreja da terra e a leva para os céus, para as “bodas do Cordeiro”. Durante os sete anos que se seguem, todos os sinais culminantes dos tempos geralmente aceitos, acontecem sobre a terra: a grande tribulação, a manifestação do anticristo e assim por diante. Após esse período de sete anos, Cristo retorna à terra para a segunda etapa de sua Segunda Vinda, a “vinda com seus santos”. Num capítulo subseqüente 19 esta posição sobre a Segunda Vinda será mais detalhadamente examinada e criticada. Por enquanto, é suficiente observar que, conforme essa posição, nenhum acontecimento predito necessita ocorrer antes da “vinda de Cristo para seus santos”.

Conforme veremos mais adiante, não há base bíblica sólida para dividirmos a Segunda Vinda de Cristo nestas duas etapas. Embora os sinais dos tempos efetivamente tenham estado presentes ao longo de toda a história da igreja cristã, parece que antes da volta de Cristo alguns desses sinais assumirão uma forma mais intensa do que tiveram no passado. Os sinais se tornarão mais claro e se dirigirão para um certo clímax. A apostasia será muito mais difundida, a perseguição e o sofrimento redundarão na “grande tribulação”, e as forças anticristãs culminarão com o “homem da iniqüidade” 20. Conforme veremos, ao olhar em maior detalhe para os sinais individuais, a Bíblia efetivamente aponta para tal culminação final dos sinais dos tempos. Por causa disso, dizer que nenhum evento predito necessita acontecer antes que Cristo retorne é dizer demais. Temos de estar preparados para a possibilidade de que a Parousia  ainda esteja bem distante, e os dados do Novo Testamento deixam lugar para essa possibilidade. Por outro lado, afirmar com certeza que a Parousia ainda está muito distante é igualmente dizer demais. O tempo exato da Parousia nos é desconhecido. Nem sabemos nós exatamente como os sinais dos tempos se intensificarão. Esta incerteza indica que devemos sempre estar preparados.

Aos invés de dizer que a Parousia é iminente, portanto, digamos que ela está por acontecer 21. É certo que ela virá, mas não sabemos exatamente quando há de vir. Por isso, temos de viver em constante expectação e prontidão para a volta do Senhor. As palavras do seguinte lema o colocam bem: “Viva como se Cristo tivesse morrido ontem, ressuscitado na manhã de hoje e estiver voltando amanhã”.

Notas do capítulo 11

1.   A A Jones, “Sign” (sinal), in The New Bible Dictionary (O Novo Dicionário da Bíblia), Grand Rapids: Eerdmans, 1962, p. 1185.
2.   Ver Berkouwer, Return, pp. 238, 244-246.
3.   Ibid., p. 248. Ver também pp. 236, 260-251
4.   Hoekema, The Four Major Cults (As Quatro Grandes Seitas), pp. 89-90.
5.   Ver Berkouwer, Return, pp. 256-259.
6.   Veja e.g., The Four Major Cults (As Quatro Grandes Seitas), pp. 67-74, 137-143, 295-326.
7.   Cp., e.g., esta declaração de Hal Lindsey, um escritor dispensacionalista: “Eles, os profetas hebreus, predisseram que, à medida que o homem se aproximasse do fim da história conhecida, haveria uma padrão preciso de eventos que se assomariam na história”; The Late Great Planet Earth (A Agonia do Grande Planeta Terra), Grand Rapids: Zondervan, 1970; 42ª impressão 1974, p. ii.
8.   Systematic Theology (Teologia Sistemática), III, p. 790.
9.   Ibid., p. 791.
10. Ridderbos, Paul, p.528.
11. Berkouwer, Return p. 243. Ver também  pp.246-247.
12. Ibid., p. 256. Ver também K. Rahner, “The Hermeneutics of Eschatological Assertions” (A Hermenêutica das Afirmações Escatológicas), in Theological Investigations (Investigações Teológicas), IV, ET, 1966, p. 323 ss.
13. Ridderbos, Coming, p. 522-523.
14. Ver acima, capítulo 3.
15. Berkouwer, Return, 249.
16. Ver acima, capítulo 6.
17. Sobre esse assunto, ver K. Dijk, Het Einde der Eeuwen Kampen: Kok, 1952, pp. 123-124.
18. Ibid., p. 116, 131.
19. Capitulo 13, pg.
20. Dijk, op.cit., p. 117.
21. Cp. Henry W. Frost, The Second Coming of Christ (A Segunda Vinda de Cristo), Grand Rapids: Eerdmans, 1934, p.170.

Fonte: A Bíblia e o Futuro, por Anthony A Hoekema – Editora Cultura Cristã

Um comentário:

  1. Boa tarde a paz do Senhor. Gosto muito de ler os artigos, contudo peço encarecidamente mudem a cor do fundo para Branco e a letra para Preto. Até quero ler mais artigos, no entanto essa cor deixa a vista totalmente cansada. ( não necessito de óculos não) que o Senhor continue abençoar a vida de cada um por meio dessa pg.

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