quarta-feira, 31 de outubro de 2012

REFORMA PROTESTANTE: SERÁ QUE PRECISAMOS DE UMA?

Por Renato Vargens
O Romanismo possui similaridades interessantíssimas com o neopentecostalismo brasileiro, até porque, ambos fundamentam suas doutrinas e comportamentos em três pilares, as Escrituras Sagradas, a tradição e autoridade apostólica papal.
Na verdade, tanto católicos como neopentecostais não consideram na prática (ainda que neopentecostais afirmem o contrário) a Bíblia como única e exclusiva regra de fé. Isto porque, para ambos os movimentos, a tradição bem como a experiência adquirida com o sagrado, possuem um enorme peso na consolidação de suas doutrinas. Junta-se a isso, o fato de que as duas correntes possuem em suas estruturas eclesiásticas lideres papais, cuja autoridade apostólica é inquestionável. Além disso, ambos mercantilizam a fé, comercializando as benesses divinas, oferecendo aos fiéis objetos sagrados que possuem em si poder suficiente para operar milagres. Quanto à práxis litúrgica o neopentecostalismo faze-nos por um momento pensar que regressamos aos tenebrosos dias da idade média, onde como no século XVI, (veja o vídeo abaixo) a manipulação religiosa se faz presente mediante os pseudo-apóstolos que em nome de Deus estabelecem doutrinas que se contrapõem a Palavra revelada do Senhor.
Tanto o Romanismo como o neopentecostalismo brasileiro entendem que as bênçãos de Deus não são frutos de sua maravilhosa graça, mais sim, conseqüência diretas de uma relação baseada na troca ou no toma-lá-dá-cá. Neste contexto, tudo é feito em nome de Deus e para se conseguir a benção é absolutamente necessário pagar e pagar alto! Por favor, responda sinceramente: Qual a diferença da oferta extorquida do povo sofrido nos dias atuais pra venda das indulgências da idade média? Qual a diferença dos utensílios vendidos no século XVI, para os que comercializados em nossos templos nos dias de hoje?
O que me chama atenção, é que a igreja evangélica brasileira diante de tanta sandice ainda advoga a causa de que estamos vivendo momentos de um genuíno avivamento. Outra vez lhe pergunto: Será? Que avivamento é esse, que não produz frutos de arrependimento? Que avivamento é esse que não muda o comportamento do crente? Que avivamento é esse que não converte o coração do marido a esposa e vice-versa? Que avivamento é esse que dicotomiza a relação entre pais e filhos? Que avivamento é esse que relativiza a ética?
Amados, acredito piamente que os conceitos pregados pelos reformadores precisam ser resgatados e proclamados a quantos pudermos. Sem sombra de dúvidas necessitamos desesperadamente de uma nova reforma, por que caso contrário a vaca vai para o brejo.
Soli Deo Gloria
Hoje, aniversário da Reforma Protestante, espero que reflitamos sobre a necessidade de a cada dia voltarmos as escrituras.
Fonte: Blog do Renato Vargens.

HALLOWEEN: INOFENSIVA BRINCADEIRA AMERICANA?


Por Jáder Borges
Chegamos na cidade de Minneapolis no mês de outubro e o final do outono anunciava que um rigoroso inverno viria pela frente, com possibilidades de tempestades de neve. À medida que o mês ia passando, casas e lojas iam intensificando as decorações do “Halloween”, o tradicional “dia das bruxas”, quando pregar peças nos outros em forma de sustos e festinhas embaladas com vampiros dançando com múmias, fica liberado. Crianças percorrem casas perguntando algo como “travessuras ou doces?”, e assim, todos esperam a noite cair, para que monstros e abóboras desfiguradas comandem a festa, ao som de muito agito, “Halloween”. O que esta palavra significa? A Funk and Wagnalls New Encyclopedia informa que este termo é aplicado à noite que precede o “dia de todos os santos”, uma espécie de abreviação-referência de “Allhallows Evening” (uma tradução mais literal de “Allhallows Evening” seria: “Noite de todos os consagrados”…).
Estão brincando com coisa séria…
A onda do Halloween vem crescendo no Brasil, levantada por centenas de cursos de inglês, escolas com fortes influências americanas, seriados de TV e por muitos jovens que tiveram contato com a América, seja através de estudo ou intercâmbio, e que têm fascínio pela cultura norte-americana. Na comemoração do Halloween, o que se escuta como justificativa é que este é um dos meios mais divertidos de se passar um pouquinho mais a cultura daquele país para os interessados e que tudo não passa de uma divertida e diferente aula de inglês, ou de sociologia, simplesmente carregada na maquiagem e nas sombras. Seria “brincadeira” mesmo? De onde vem o Halloween?
A “brincadeira” do Halloween não tem nada de brincadeira na sua origem. Quando se busca no tempo e na história, nesta época do calendário, os druidas (espécie de feiticeiros, antigos sacerdotes entre os gauleses e bretões), costumavam erguer fogueiras para invocação de Saman, o senhor da morte! Pelo menos outros quatro espíritos também eram invocados, com a finalidade de se consultar sobre o futuro ou sobre coisas ocultas. O povo celta também acreditava que nesta data os espíritos dos mortos voltavam à terra para visitar os lares durante a noite. Os romanos, após conquistarem a Grã-Bretanha, adotaram para si as crenças do Halloween, num de seus festivais rituais, em honra à deusa Pomona, senhora das frutas e das árvores.
Como podemos ver, a fonte dessa “brincadeira” traz consigo rituais e invocações a espíritos, tanto de demônios, como de mortos, coisas estas que a Palavra de Deus, a Bíblia, enfaticamente recomenda para não serem feitas, sob grande risco de tremendos distúrbios emocionais e espirituais. A Bíblia diz para não brincarmos e nem mexermos com o oculto, exatamente porque não existe nada de divertido nas densas trevas espirituais, de onde o Halloween se origina (veja Dt.18.9-14; 20.17,18; Is. 8.19; etc). Todos nós sabemos que quem brinca ao volante de um carro, pode se machucar seriamente; que quem brinca com fogo, pode se queimar… e, que quem brinca com uma arma, pode tombar, vítima de um disparo avassalador. Portanto, não brinque com práticas e representações que se aproximam daquilo que Deus avisou para não ser copiado, ou ridicularizado. As penas poderão ser muito duras.
Ora, irmão, deixe de exagero…
Vampiros, múmias, duendes travessos, fantasmas, feiticeiras e diabinhos; muitos diabinhos…. tudo infernalmente e “divertidamente” fantasiado… Que mal há nisto? Estes e muitos outros ícones do mal estão deixando de assustar as pessoas hoje em dia, e nem o velho diabo assusta mais. Evolução dos tempos? Não. Involução espiritual. O povo se distanciou da Palavra de Deus e penetrou por muitos caminhos, grande parte deles escuros e perigosos. Hoje, brinca-se com o diabo, porque não se acredita mais nele. Jesus Cristo sempre acreditou no diabo e teve com ele e suas hostes, grandes batalhas. O Filho de Deus sempre considerou sua astúcia e terrível maldade, sendo a única Autoridade a quem o diabo teme. Por que brincaria eu com o diabo, se nas páginas da Bíblia ele não tem nada de divertido? Ridicularizaria eu uma cascavel prestes a dar o bote?! Cutucaria uma onça com vara curta, estando a jaula aberta? Rapaz e moça… não brinquem com o diabo, pois ele não brinca com vocês. O que ele quer é devorar vidas! (1a Pe.5.8). Não se aproxime de qualquer ícone do mal nem se fantasie dele, sob o risco de sofrer terríveis perturbações espirituais, de origens demoníacas. Nem Jesus desacreditou da existência do diabo, e nem os anjos o fazem, por que faríamos nós? “Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo… não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disse: O Senhor te repreenda!” (Jd. v9). Quem nos informa isto é a Bíblia, a Palavra de Deus. E a Palavra de Deus não mente.
Depressões profundas, ideias suicidas, afundamento nos vícios, bárbaros assassinatos cometidos por jovens, escutar sons de gargalhadas horripilantes e vozes do além pela casa, tudo isso vem acontecendo com milhares de jovens em todo o mundo, que um dia ousaram “brincar” com o diabo ou com ícones a ele associados, e caíram, vítimas de seus laços mortais. Perderia Saman, tido como o senhor da morte, a primeira oportunidade de matar? Acredito que não. (“Saman” é um dos nomes com os quais Satanás se disfarça).
Finalizando, o meu conselho e incentivo é para que você não embarque nesta onda de “Halloween”, só porque a sua escola, ou a sua turma está fazendo tal festa. Professores, lembrem-se que também compete a vocês zelaram pelo bem-estar dos alunos. Não os empurre para iniciações com o mundo das trevas, nem por brincadeira! Desistam de qualquer “brincadeira” do Halloween enquanto ainda é tempo, pois ninguém precisa de Halloween para se divertir, exatamente por não haver diversão em maldições. O que todos nós precisamos é de seguir Jesus Cristo, para sermos verdadeiramente felizes.
Portanto, não vá com os outros, nem que os outros formem multidão. A história está repleta de casos em que a multidão estava completamente desnorteada, pagando um alto preço por causa disso. No caso específico do Halloween, muitos adolescentes e jovens entraram nessa “brincadeira” sem saber das profundas armadilhas espirituais escondidas por trás da “diversão” e hoje sofrem grandes tristezas. Jovens, não deem ouvidos à voz do povo, pois isso nem é bíblico, e trata-se de uma tremenda armação. A voz do povo nunca será a voz de Deus, ainda mais quando empurra pessoas para práticas que Deus condena! A Bíblia é que é a Voz de Deus! Escute o que ela diz: “Não seguirás a multidão para fazeres o mal”… (Êx.23.2a). “Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos? Respondeu-Lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna” (Jo 6:68).
***
Jáder Borges Filho é pastor da Igreja Presbiteriana do Jardim Satélite, em São José dos Campos (SP), e foi secretário geral do Trabalho com a Infância da IPB (2006-2010). Estudou no Seminário do Recife e na Theologisches Seminar Ewersbach, na Alemanha. Promove o Congresso Infantil Primeiros Passos, voltado para quem trabalha com crianças, EBD e departamentos infantis.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

UM CHAMADO PARA OS JOVENS


Por Pr. Clodoaldo Machado

Quando encontramos a salvação em Cristo Jesus, inicia-se em nosso coração uma batalha. A Bíblia nos diz que esta não é uma batalha pequena, é uma grande guerra capaz de consumir muito esforço. Esta luta é contra o pecado. É uma luta tão intensa que o livro de Hebreus a compara com um derramamento de sangue: “Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue” (Hb.12.4). Todos os crentes em Cristo Jesus estão inevitavelmente envolvidos nesta batalha, ninguém está isento dela. Assim, todos temos que lutar para a glória de Deus.
O que a Bíblia também ensina é que esta luta pode ser diferente de pessoa para pessoa. Todos lutam, mas há diferenças entre as batalhas que cada um tem. João Batista demonstra esta diferença. Quando ele estava no rio Jordão batizando as pessoas que demonstravam arrependimento, vieram a ele para serem batizados alguns com motivações erradas. Ele os advertiu com veemência por aquela atitude. Então começaram a perguntar a ele o que deveriam fazer. João Batista difere aquelas pessoas em suas lutas contra o pecado. Aos que tinham duas túnicas e comida, ele diz que deveriam repartir com quem não tinha. Aos publicanos, ele diz que não deveriam cobrar além do estipulado. Aos soldados, ele diz que não deveriam maltratar as pessoas, nem dar falso testemunho e deveriam contentar-se com o seu soldo (Lc.3.7-14). Notemos que entre aquele grupo as lutas contra o pecado teriam modalidades diferentes. Para uns, a luta se apresentaria de uma forma e para outros, de outra. Portanto, precisamos reconhecer que a luta contra o pecado pode ser diferente de pessoa para pessoa.
Quando pensamos nos jovens, a Bíblia os tem chamado à pureza. Eles, como todos os outros crentes são chamados a manterem uma vida pura. O crente que reconhece o que Deus fez por ele vai desejar viver para o inteiro agrado de Seu Salvador, e isso envolve o empenho por uma vida santa.
O salmo 119.9 fala especificamente à juventude e diz: “De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a tua palavra.”
Aqui podemos pensar sobre a pureza na vida dos jovens. Este versículo da Palavra de Deus tem muito a dizer àqueles que querem lutar com destreza contra o pecado. Deste versículo, podemos extrair verdades que ajudam o jovem em sua luta pela pureza. A palavra jovem aqui fala de alguém com pouca idade, porém capaz de assumir responsabilidade. A palavra hebraica é a mesma usada para Geazi, o moço de Eliseu (2Ra.5.20), um jovem que tinha tarefas a realizar e era considerado responsável. Ainda que a palavra possa ser usada para crianças, estamos falando de jovens.
De que maneira o jovem pode travar a luta contra o pecado?
Primeiro, reconhecendo que há problemas específicos da juventude. Quando pensamos na juventude, a Bíblia também reconhece que há uma luta específica para ela. A palavra de Deus afirma que os jovens têm tentações próprias da idade. O livro de Provérbios fala com muita clareza sobre os problemas que a juventude enfrenta (Provérbios 7, por exemplo). Isto nos mostra que há problemas próprios desta fase da vida. Eclesiastes fala aos jovens: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer” (Ec.12.1). Pedro também escreveu: “Rogo, igualmente aos mais jovens: Sede, submissos aos que são mais velhos; outrossim no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede sua graça” (1Pe.5.5). A Bíblia nos diz que devemos resistir ao diabo e ele fugirá de nós (Tg.4.7), porém quando se trata das paixões da mocidade ela ordena os jovens a fugirem (2Tm.2.22). A respeito disso, Paul Washer disse com peculiaridade: “As paixões da mocidade são mais perigosas que o diabo”. Não devemos pensar que os problemas dos jovens são todos comuns às outras faixas etárias. Eles têm sofrimentos peculiares para manter uma vida pura. Jovens humildes começam a sua luta contra o pecado reconhecendo que existem dificuldades especificas para eles. Sem este reconhecimento, a derrota pode ser inevitável.
A segunda maneira para lutar com destreza contra o pecado é crendo que a pureza é possível. O salmista afirma que há uma maneira para o jovem guardar puro o seu caminho. Deus não chamaria os jovens à pureza se isso não lhes fosse possível. Aqui ele fala de uma conduta pura. Somos tentados a pensar que a pureza para alguns é impossível. Tendemos a tolerar uma juventude impura, afirmando que isso é próprio da idade. Somos tentados a ouvir os conselhos mundanos que dizem que os jovens devem ter a liberdade para extravasar seus desejos, seus impulsos biológicos e aproveitar esta fase da vida. Isso é contrário à Palavra de Deus. Ainda que jovens tenham lutas específicas de sua idade, a pureza não é impossível para eles.
A pureza, porém, não é uma vida perfeita, onde não há a presença do pecado. Sabemos que enquanto estamos aqui neste mundo vivemos lutando com o pecado. A pureza aqui é uma vida de santificação progressiva, de crescimento espiritual, uma vida vivida sob a luz do Evangelho, sem obscuridades. Jovens puros não têm nada a esconder. Eles não se envergonham do que veem na internet, não se envergonham do que assistem na TV, não se envergonham do que fazem com alguém do sexo oposto. Eles agem assim, não porque são perfeitos a ponto de estarem totalmente livres do pecado, mas sim porque são puros. Davi orou e pediu a Deus um coração puro (Sl.51.10). Ele desejava um viver que agradasse a Deus. A pureza é possível e jovens humildes a buscam para a glória de Deus.
A terceira maneira para lutar com firmeza contra o pecado é reconhecendo a exclusividade da Palavra de Deus para a pureza. O salmista afirma que um caminho puro é conseguido quando ele é observado por meio da Palavra de Deus. Jesus afirmou que por meio de Sua Palavra seus discípulos estavam sendo limpos, a fim de que produzissem mais fruto (Jo15.1-3). Paulo escreveu que a Igreja tem sido purificada por meio da lavagem de água pela palavra (Ef.5.26). O salmo 19.8 diz que o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos.
A pureza é alcançada quando a mente está cheia da Palavra de Deus. Isso envolve tempo, disposição e empenho. Quando a mente é renovada o resultado é um caminhar puro. Isto requer comprometimento com a igreja. A palavra de Deus está na igreja. Ela é a coluna e baluarte da verdade (1Tm.3.15). Sem um envolvimento sério com a igreja, não se consegue um coração cheio da Palavra de Deus. Aqueles que resolverem lutar contra o pecado sem estarem protegidos pela comunhão com a igreja já começarão perdendo. É por meio da igreja que recebemos a Palavra de Deus, através do ensino e dos conselhos sábios (1Ts.5.12-14). Sem uma igreja que leve o ensino a sério não teremos um coração cheio da Palavra de Deus. Por meio da igreja, temos companhia e assim podemos perceber os efeitos da Palavra de Deus em nossas vidas e também na vida de nossos irmãos. Por meio da igreja, temos a proteção a fim de não nos afastarmos do caminho santo. Quando os jovens ficam reclusos e começam a se isolar, vão gradativamente se afastando da igreja, e isso pode ser um sinal claro de impureza em seu caminho. O pecado é sempre isolacionista, sempre quer manter seus segredos. O jovem que observa seu caminho segundo a Palavra de Deus está comprometido com a igreja, e assim é protegido de si mesmo.
Portanto, os jovens são chamados para um caminhar puro neste mundo. Isto não é uma utopia, isto é uma possibilidade real. A juventude tem sua luta, ela não é pequena, entretanto ela não é uma guerra invencível, porque em Cristo Jesus somos mais que vencedores.vencedores.
***
- Clodoaldo Machado pastoreia a Igreja Batista Parque Industrial em São José dos Campos – SP desde o ano 2000. É bacharel em teologia pelo Cetevap – Centro de Estudos Teológicos do Vale do Paraíba, e pós graduado em aconselhamento bíblico pela Faculdade Teológica Batista de Campinas e Southeaster Baptist Seminary (EUA). Pr.Clodoaldo é casado com Patrícia e tem dois filhos, Nathan e Nathalia.
Fonte: Editora Fiel

JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ: O CORAÇÃO DO EVANGELHO


Por Alderi Souza de Matos
Em nossos dias, a verdade bíblica da justificação pela fé é desconhecida ou mal-compreendida por muitos evangélicos. No entanto, ela foi a questão central levantada pela Reforma Protestante do século 16. Assim como o “sola Scriptura” foi denominado o “princípio formal” da Reforma, porque a Bíblia é a fonte de onde procedem todas as autênticas doutrinas cristãs, a justificação mediante a fé é o seu “princípio material”, porque envolve a própria substância ou essência do que se deve crer para a salvação.
João Calvino, o pai espiritual das igrejas reformadas, referiu-se a essa doutrina como “o principal ponto de apoio sobre o qual se articula a religião” (Institutas 3.11.1). Ele tratou desse conceito em uma das seções mais longas da sua obra principal (Livro III, Caps. XI-XIX), onde lhe deu a seguinte definição: “Interpretamos a justificação simplesmente como a aceitação pela qual Deus nos recebe em seu favor como homens justos, e dizemos que ela consiste na remissão dos pecados e na imputação da justiça de Cristo” (3.11.1).
Thomas Cranmer, o arquiteto do anglicanismo, disse que a justificação pela fé era “a forte rocha e o fundamento da religião cristã” e Martinho Lutero afirmou que ela é “o tema principal do qual fluem todas as outras doutrinas”. Na realidade, a experiência religiosa fundamental de Lutero e as ênfases mais importantes da sua teologia e da sua obra como reformador pioneiro decorreram da descoberta dessa majestosa verdade bíblica.
A justificação é a resposta de Deus à mais importante de todas as questões humanas: Como uma pessoa pode se tornar aceitável diante de Deus? A resposta está clara no Novo Testamento, especialmente nos escritos de Paulo, como a passagem clássica de Romanos 3.21-25. Biblicamente, a justificação é um conceito jurídico ou forense, e tem o significado de “declarar justo”. É o ato de Deus mediante o qual ele, em sua graça, declara justo o pecador, isentando-o de qualquer condenação. Infelizmente, a palavra portuguesa “justificação”, originária do latim, dá a idéia de “tornar justo”, no sentido de produzir justiça no justificado. Mas o termo grego original dikaiosyne não se refere a uma mudança intrínseca no indivíduo, e sim a uma declaração feita por Deus. Visto que não temos justiça própria e somos culpados diante de Deus, ele nos declara justos com base na expiação de nossos pecados por Cristo e na sua justiça imputada a nós.
Pode-se dizer que a justificação está estreitamente relacionada com três princípios da Reforma: “sola gratia”, “sola fides” e “solo Christo”. Daí, James Montgomery Boyce a define como “um ato de Deus pelo qual ele declara os pecadores justos somente pela graça, somente por meio da fé, somente por causa de Cristo”. Assim, a fonte da justificação é a graça de Deus, o fundamento da justificação é a obra de Cristo e o meio da justificação é a fé. A fé é o canal através do qual a justificação é concedida ao pecador que crê; é o meio pelo qual ele toma posse das bênçãos obtidas por Cristo (como a paz com Deus, Rm 5.1). Ela não é uma boa obra, mas um dom de Deus, como Paulo ensina em Efésios 2.8-9. É o único meio de receber o que Deus fez por nós (“sola fides”), ficando excluídos todos os outros atos ou obras.
Isto significa que a justiça do crente é somente uma justiça imputada, atribuída a ele, sem incluir uma transformação moral e espiritual? Não, a justificação é seguida de uma justiça real e efetiva – tão de perto que, se não seguir, a pessoa não está justificada. Mas a justificação em si ainda não se refere a essa mudança. Deus nunca nos torna justos antes de nos declarar justos. Estando justificados pela graça e reconciliados com Deus mediante a fé, com base somente nos méritos de Cristo, estamos capacitados para crescer em santificação (Ef 2.10). Em suma, Deus não somente nos declara justos (justificação), mas posteriormente nos torna justos (santificação).
Tristemente, muitos evangélicos têm deixado de confessar de modo convicto essa verdade que está no coração do evangelho. Muitos líderes e movimentos têm voltado a insistir na prática de certas ações ou na exibição de determinadas virtudes como condição para que as pessoas sejam aceitas, perdoadas e abençoadas por Deus. Volta-se, assim, ao sistema de salvação pelas obras ou pelos méritos humanos contra o qual se insurgiram os reformadores. Com isso exalta-se o ser humano, suas escolhas, decisões e iniciativas, e se desvaloriza a Deus, sua graça, sua soberania, sua obra de expiação por meio de Cristo. Tenhamos a coragem e a coerência bíblica de reafirmar a verdade solene da justificação pela fé somente, que é, no dizer dos reformadores, o articulus stantis et cadentis ecclesiae, “o artigo pelo qual a igreja se sustenta ou cai”.
Fonte: Mackenzie

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A MENSAGEM DE MALAQUIAS PARA A IGREJA DE HOJE


O novo livro de Augustus Nicodemos “O culto segundo Deus – A mensagem de Malaquias para a igreja de hoje” tem sido visto como uma “espada afiada” para ajudar a identificar e revelar um esfriamento nas igrejas evangélicas do Brasil.
Nicodemus, que é teólogo e pastor presbiteriano, aborda em seu livro princípios relativos à adoração a Deus. Ele expõe através de seu livro os problemas expostos pelo profeta Malaquias e compara com os da igreja brasileira nos dias de hoje.
De acordo com Nicodemus, a profecia de Malaquias foi proferida e registrada em um contexto muito parecido com o que os evangélicos vivem hoje no Brasil, no qual adorar a Deus parece não fazer diferença visível na vida dos que o buscam constantemente nos locais de culto.
“Ao longo da história, nem sempre ficou claro para os cristãos o privilégio que têm de adorar a Deus, ser-lhe leal e fazer sua vontade. Qual é o proveito de servir a Deus, cultuá-lo e dedicar tempo para honrá-lo?”
O teólogo faz uma analogia entre o povo de Israel e os atuais cristãos brasileiros. Para ele, alguns setores da igreja evangélica, especialmente nas igrejas chamadas de missão ou históricas, estão passando por um período de esfriamento.
Nicodemus aborda a questão que muitos debatem atualmente sobre a “problemática” teologia da prosperidade. Ele compara o questionamento do amor de Deus pelo povo, que era muitas vezes medido por meio de coisas materiais e de sua situação financeira.
“Na época de Malaquias, o povo de Deus passava por uma grande crise econômico e financeira (…). O povo então começou a questionar a Deus se de fato Deus amava os judeus, como Malaquias dizia. Este questionamento decorria do fato que eles estavam medindo o amor de Deus pela prosperidade financeira, como as igrejas neopentecostais da teologia da prosperidade ensinam hoje o povo a fazer.”
Nicodemus acredita que por causa da influência da teologia da prosperidade, muitos “evangélicos” só enxergam a Deus nas bênçãos materiais e como resultado, quando as mesmas faltam, questionam o amor de Deus e deixam as igrejas.
Para ele, a teologia da prosperidade é uma heresia, e, portanto quem a adota e ensina, não pode ser considerado como enviado de Deus para abençoar o povo.
O problema da teologia da prosperidade, explica ele, é que a melhoria financeira é colocada como o alvo principal do Evangelho e do relacionamento da pessoa com Deus, sendo Deus apresentado como aquele que pode resolver todos os problemas financeiros e de saúde se tão somente as pessoas contribuírem sacrificialmente para a igreja.
“O maior problema das pessoas não é financeiro, mas espiritual e isto fica em segundo plano na teologia neopentecostal”.
O livro, que praticamente já esgotou a primeira edição com menos de dois meses de publicação, também aborda o desânimo do povo, o desinteresse dos pastores, a desobediência aos princípios de culto e a falta de coerência entre a vida e a adoração a Deus.
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Fonte: Christianpost

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O CRISTÃO E A INTERNET



FRASES DE PAUL WASHER EM SUA SEGUNDA MENSAGEM NA CONFERÊNCIA DA EDITORA FIEL

Por Renato Vargens

Segue abaixo algumas das frases faladas por Paul Washer hoje a tarde em sua primeira palestra da Conferência da Editora Fiel:

"Você é realmente um cristão ou apenas faz parte do circo chamado igreja evangélica moderna?" 

"O pastores carnais que usam meios carnais para trazer homens carnais pra suas igrejas, continuarão a usar meios carnais para manter estes homens carnais em sua igreja carnal."

"Jesus não é o suficiente a ponto de você ao pregar ter que complementar a Cristo com coisas mundanas?"

‎"É preferível ficar no inferno com Cristo do que prosperar no Céu sem ele".

‎"Jesus Cristo não é a "cereja do bolo"... Ele é tudo ou nada" 

"O nosso problema não é a fraqueza, mas é a falta de consciência da nossa fraqueza".

 "Você sabia que a maioria do evangélicos no mundo não são salvos"?

"homens de Deus nascem de joelhos" "Precisamos de eruditos. Mas precisamos de eruditos que pegam fogo"

"A maioria do cristianismo exportado dos Estados Unidos para o Brasil tem sido nada mais que heresia. Deveria ter sido colocado em quarentena, não exportado"

"Não quero que vocês se entreguem a algo pequeno como a verdade ou a missões. Devotem-se a algo muito mais importante, devotem-se a Jesus"

 "Não busque ser um missionário, não busque ser um ministro. Busque conhecer a Ele!"

"Na eternidade buscaremos para sempre conhecer o que Jesus fez e o que Ele é"

 "O que nos manterá durante toda uma eternidade alegres? Não será prosperidade material ou uma vida fácil. Será Cristo e o Seu evangelho"

 "A nossa ideia de salvação é muito limitada. O evangelho é o poder de Deus, por meio do qual um homem pode ser justificado. É também santificação. É poder de Deus para nos santificar"

 "Faça um compromisso de guiar a sua vida pelas Escrituras e comparar você mesmo com o velho cristianismo, para ver se está certo"

 "Os homens que tem andando no velho caminho tem aumentado o meu pequeno fogo e tornado um fogaréu"

 "Como sabemos que estamos certos? Paulo disse aos corintios que eles se comparavam a eles mesmos e não eram sábios" "É necessário estudar as Escrituras no contexto da história da igreja"

 "Não somos uma Ilha. Precisamos voltar às Escrituras e comparar com o velho Cristianismo. Existem 2000 anos de história por traz de nós."

 "Precisamos de homens que vão pregar o Evangelho... mas que façam isso em dependendo totalmente de Cristo em oração"

 "Você repetiu as palavras de um pregador ou verdadeiramente recebeu a Jesus como Salvador e Senhor, de forma que desde desse dia esse relacionamento tem crescido?"

 "A evidência de que um dia recebeu a salvação é que continua se arrependendo e crescendo em Cristo"

"Precisamos de uma visão de Deus mais limpa, mais alta e mais clara."

 "Você precisa de uma visão alta de Deus, uma visão baixa do homem e uma visão gloriosa do Evangelho."

Aleluia! Deus seja glorificado pela mensagem pregada nessa tarde!

Fonte: Renato Vargens

RESSUSCITANDO UMA VELHA HERESIA

“Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra.” -  2 Coríntios 9.8

Conheço um pastor que estava realizando uma série de confe­rências em várias igrejas nos Estados de Carolina do Norte e Carolina do Sul. Ele estava hospedado na casa de amigos em Asheville e viajava todas as noites para pregar.

Certa noite, ele deveria falar em uma igreja em Greenville, Carolina do Sul, que está a várias horas de Asheville. Visto que não possuía carro, alguns amigos de Greenville ofereceram-se para buscá-lo e, depois, levá-lo de volta. Quando estes apareceram para apanhá-lo, ele se despediu de seus hospedeiros, avisando que retornaria por volta da meia-noite ou um pouco depois.

Após ministrar na igreja de Greenville, permaneceu por algum tempo desfrutando de comunhão e, por fim, retornou a Asheville. Aproximando-se da casa, reparou que a luz da porta da frente estava acesa; por isso pressupôs que seus anfitriões estariam à sua espera, pois haviam conversado sobre a hora de seu retorno. Ao descer do carro, despediu-se de quem o trouxera e disse: Apresse-se, sua viagem de volta é longa. Estou certo que estão me esperando; não terei qualquer problema.

Caminhando em direção à casa, sentiu o forte frio da noite de inverno. Ao se aproximar da porta, seu nariz e suas orelhas já estavam dormentes. Ele gentilmente bateu à porta, mas ninguém atendeu. Bateu mais forte, e mais forte ainda, mas nada de resposta. Finalmente, preocupado com o intenso frio, deu a volta e bateu à porta da cozinha e na janela lateral. Mas o silêncio continuou absoluto.

Frustrado e ficando a cada instante mais gelado, resolveu bater à porta de um vizinho para tentar telefonar ao seu anfitrião. No caminho, raciocinou que bater à porta de um estranho após a meia-noite era ariscado para fazer, então resolveu achar um telefone público. Estava escuro e o frio era intenso. Por não conhecer os arredores ele acabou caminhando por vários quilômetros. A certa altura, ele escorregou na grama molhada ao lado da estrada e, deslizando numa ribanceira, caiu dentro de meio metro de água. Ensopado e quase congelado, ele subiu rastejando a ribanceira e continuou caminhando até vislumbrar o luminoso letreiro de um hotel. Acordou o gerente, que gentilmente lhe cedeu o telefone.

O pastor, enlameado, telefonou e disse ao seu sonolento anfitrião: "Sinto acordá-lo, mas não consegui que ninguém aten­desse quando bati à porta. Estou a vários quilômetros de sua casa, estrada abaixo, aqui no hotel. O irmão poderia vir me buscar?"

Ao que o anfitrião respondeu: "Meu querido irmão, há uma chave da porta da frente no bolso de seu paletó. O irmão esqueceu? Eu a dei ao irmão quando saía de casa".
Então, o pastor colocou a mão no bolso, e lá estava a chave.
Essa história verdadeira ilustra bem a embaraçosa situação dos cristãos que procuram obter as bênçãos divinas por meios humanos, enquanto — o tempo todo — possuem Cristo, que é a chave para todo tipo de bênção espiritual. Ele, por Si só, preenche os anelos mais profundos de nossos corações e supre todos os recursos espirituais que necessitamos.

Os crentes têm em Cristo tudo que precisam para enfrentar qualquer provação, qualquer tentação, qualquer dificuldade com as quais possam se deparar nesta vida. Mesmo o recém-convertido possui recursos suficientes para cada necessidade espiritual que possa ter. A partir do momento da salvação, cada crente está em Cristo (2 Co 5.17), e Cristo está no crente (Cl 1.27). O Espírito Santo habita no crente (Rm 8.9), e o crente é o santuário do Espírito Santo (1 Co 6.19). "Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça" (Jo 1.16). Portanto, cada cristão é um depósito de riquezas espirituais divinamente outorgadas. Nenhuma outra coisa — nenhum grande segredo transcendental, nenhuma experiência de êxtase, nenhuma sabedoria espiritual oculta — pode levar o crente a um mais elevado nível de vida espiritual. “Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as cousas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude" (2 Pe 1.3 - ênfase minha). O "conhecimento completo daquele que nos chamou” refere-se ao conhecimento salvífico. Buscar algo mais é como bater freneticamente numa porta, à procura do que está lá dentro, sem perceber que você tem uma chave em seu bolso.

Satanás tem procurado sempre enganar os cristãos, conduzindo-os para longe da pureza e da simplicidade encontradas em Cristo, que é todo-suficiente (2 Co 11.3), e sempre tem encontrado pessoas dispostas a renegar a verdade em troca de praticamente qualquer coisa nova e incomum.  (Continua....)

Fonte: Nossa Suficiência em Cristo, John Macarthur – Ed. Fiel



A ORAÇÃO DA FÉ E A SOBERANIA DE DEUS


A soberania de Deus é a doutrina que afirma que Deus é supremo, tanto em governo quanto em autoridade sobre todas as coisas. Nos círculos dos "ensinos da fé", ela não é levada muito a sério. Verbos como exigir, decretar, determinar, reivindicar freqüentemente substituem os verbos pedir, rogar, suplicar etc. Ao comentar João 14:13, 14, que diz: "E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma cousa em meu nome, eu o farei", Kenneth Hagin afirma: A palavra "pedir" também significa "exigir". "E tudo quanto exigirdes em Meu nome, isso [Eu, Jesus] farei". Um exemplo disto é registrado no terceiro capítulo de Atos, quando Pedro e João estavam à Porta Formosa. Já demonstramos que Pedro sabia que tinha algo para dar quando disse ao aleijado: "Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou". Então Pedro disse: "Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!" Pediu, ou exigiu, que o homem se levantasse em nome de Jesus.27

No Novo Testamento grego, o verbo "pedir", que aparece em João 14:13, 14 é aiteo. De acordo com W. E. Vine, aiteo sugere a atitude de um suplicante, uma petição de alguém que está em posição menor que a daquele a quem é feita a petição, como em Mateus 7:11 (uma criança pedindo a seu pai) e Atos 12:20 (vassalos fazendo um pedido ao rei). Este verbo aparece muitas vezes nas epístolas, como em Efésios 3:20; Colossenses 1:9, Tiago 1:5, 6; 1 João 5:14, 15. Em todas estas passagens seria impossível substituir o verbo "pedir" por "exigir".

Outro verbo usado no grego para pedir é erotao. Vine diz que o seu uso sugere que o suplicante está no mesmo pé de igualdade ou familiaridade com a pessoa a quem é feito o pedido. E usado, por exemplo, para um rei fazendo um pedido a um outro rei (Lucas 14:32). Vine continua:

...É significativo que o Senhor Jesus nunca usou aiteo no sentido de fazer um pedido ao Pai. "A consciência de sua igual dignidade, de sua intercessão potente e vitoriosa, é demonstrada nisto, que sempre que Ele pede, ou declara que Ele pedirá qualquer coisa ao Pai, sempre usa erotao, isto é, um pedido em termos de igualdade, João 14:16; 16:26; 17:9, 15, 20; e nunca aiteo".28

Em Atos 3 (citado por Hagin, acima), o paralítico era colocado diariamente à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmola. Novamente, o verbo "pedir" desta passagem no grego do Novo Testamento é aiteo (v. 2). Estaria então o paralítico exigindo uma esmola das pessoas? Ora, esmola não se exige, pede-se, e com muita humildade.

Em seu livro, O Direito de Desfrutar Saúde, R. R. Soares declara: Usar a frase "se for a Tua vontade" em oração pode parecer espiritual, e demonstrar atitude piedosa de quem é submisso à vontade do Senhor, mas além de não adiantar nada, destrói a própria oração.29

Qualquer pessoa que examinar com cuidado os Evangelhos, perceberá que a tônica da vida e do ministério do Senhor Jesus era fazer a vontade do Pai. Examine, por exemplo, João 4:34; 5:30; 6:38; 7:17. Quando ensinou seus discípulos a orar, Jesus incluiu na oração: "Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu". Será que Jesus estava errado? A conclusão óbvia é que não. Não tenho qualquer problema em dizer, ao orar: "se for a tua vontade", pois isto me coloca em boa companhia. Jesus orou assim no Getsêmani: "Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e, sim, o que tu queres" (Marcos 14:36). E novamente: "Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade" (Mateus 26:42). João escreveu ainda: "se pedirmos alguma cousa segundo a sua vontade, ele nos ouve" (1 João 5:14).

Fonte: Super Crentes, Paulo Romeiro - Ed. Mundo Cristão

RECONHEÇA AS OPORTUNIDADES

Paulo era um pregador, um evangelista. Seu alvo era "por todos os modos, salvar alguns... por causa do evangelho" (1 Co 9.22,23). Em Éfeso, encontrou uma porta aberta para realizar seu chamado. Ali havia pessoas ouvindo a pregação do evangelho ministrada por ele, tanto pública como particularmente (At 20.20). Conseguira uma audiência.

Paulo descobriu que a oportunidade em Éfeso era "grande". Porém, não significava que a tarefa seria fácil. Paulo não poderia simplesmente pendurar uma placa, abrir as portas e ver uma igreja desenvolver-se e crescer. As oportunidades eram de engajar-se em diligente trabalho ministerial. Relembrando seu tempo em Éfeso, Paulo testemunhou: "Por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um" (At 20.31). Quantos pastores, hoje, podem dizer a mesma coisa? Quantos consideram uma oportunidade destas como uma legítima responsabilidade pastoral?

A oportunidade que Paulo julgava grande consistia no privilégio de gastar-se continuamente pela causa do evangelho. Era a oportunidade de chorar pelas almas de homens e mulheres; de pregar e ensinar o evangelho; de anunciar aos efésios "todo o desígnio de Deus" (At 20.27).

O que fez de Éfeso uma tão maravilhosa oportunidade não foi a facilidade do trabalho, ou o clima, ou o nível educacional do povo, ou o salário e os benefícios. Não! O que a tornou tão atraente para Paulo foi o fato de que Deus o colocou tão providencialmente ali, em meio a tantas pessoas necessitadas. E, como um ministro de Cristo, estava convencido de que no "evangelho da graça de Deus" (At 20.24) tinha a resposta às suas necessidades.

As pessoas a quem Paulo teve oportunidade de ministrar, em Éfeso, podem ser divididas em, pelo menos, três categorias; e ainda hoje encontramos cada uma destas categorias.

Os Parcialmente Ensinados

Chegando a Éfeso, Paulo encontrou doze discípulos que conheciam apenas o "batismo de João" (At 19.1-3). Se estes eram pessoas realmente convertidas ou não, é um assunto que pode ser discutido. Por um lado, a designação de "discípulos" (v.l), feita por Lucas, parece indicar que já eram crentes. Por outro, sua ignorância quanto ao Espírito Santo e a instrução que lhes deu Paulo sugerem que tinham necessidade de conversão (vv.3,4). Seja qual for o caso (e, teologicamente, poderia ser qualquer deles), haviam recebido apenas um ensino parcial sobre Cristo e a salvação. Precisavam de mais instrução. Como Apolo, necessitavam que lhes fosse exposto "com mais exatidão... o caminho de Deus" (At 18.26). Quando Paulo fez isto, abraçaram a verdade e ajustaram a ela as suas vidas.

Ao invés de sentir-se oprimido ou desanimado pelas dificuldades que estes discípulos apresentavam, Paulo tomou-as como uma oportunidade para ensinar-lhes mais completamente o evangelho de Cristo. Corrigiu o errôneo pensamento deles e acrescentou mais informações aos seus entendimentos, até então incompletos.
           
Este tipo de ministério é necessário ainda hoje. Em cada igreja há seguidores do Senhor, sinceros e dedicados, que foram parcial ou incorretamente ensinados. Seu conhecimento não é tão amplo quanto sua experiência. Precisam ser firmados na fé. Quando chegam a um conhecimento da verdade, sua perspectiva muda; reconhecem mais da graça maravilhosa de Deus, que os trouxe à salvação.

Os Religiosos Não-convertidos

Outros, que Paulo encontrou em Éfeso, poderiam ser melhor descritos como religiosos não-convertidos. Eram os judeus, a quem Paulo em primeiro lugar pregou o evangelho, conforme seu costume (At 19.8). Tais como os religiosamente perdidos de qualquer geração, estas pessoas se consideravam seguras por causa de seu comprometimento a certos deveres cerimoniais.

Assemelham-se ao irmão mais velho do filho pródigo, na parábola de Jesus. Estão convencidos de que seu serviço e obras (ou posições e afiliações) merecem a aceitação do Pai (Lc 15.29). E mais, sentem-se ameaçados e acusados por qualquer um que insista ser a salvação totalmente pela graça de Deus.

Paulo não ignorou os religiosos não-convertidos. Viu-os como um grande campo missionário. Afinal, ele mesmo havia sido um deles. Visto que ele próprio fora salvo pela graça, estava convencido de que a graça de Deus poderia alcançá-los também. Portanto, pregava-lhes o evangelho e apresentava-lhes o único caminho de salvação.

Há evidências de que alguns judeus converteram-se e tornaram-se parte da igreja em Éfeso. Mas também há indicação de que "alguns deles se mostravam empedernidos e descrentes". Além disto, falavam "mal do Caminho diante da multidão" (At 19.9). O verdadeiro reformador inevitavelmente encontrará oposições e críticas por parte de alguns. Paulo não permitiu que isto o afastasse de seu propósito; portanto, também deveríamos permanecer firmes em nossos bons propósitos. Se alguns se recusam a crer e tornam-se críticos quanto ao objetivo e conteúdo da pregação, há outros que a receberão e serão transformados. Por amor aos sinceros, não devemos ser dominados pelos críticos. Como Paulo, devemos estar dispostos a suportar tudo "por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna glória" (2Tm 2.10).

Os Obviamente Perdidos

Além de pregar aos parcialmente ensinados e aos religiosos não-convertidos, Paulo teve grande oportunidade de ministrar a muitos que não professavam estar em paz com Deus. O apóstolo sentia um profundo amor por aqueles que eram obviamente não-convertidos. A presença de muitos gentios era, em grande parte, a razão de prolongar sua estada em Éfeso.

A correta mentalidade reformadora nunca é destituída de genuína compaixão pelas pessoas espiritualmente perdidas. Não é suficiente orientar os crentes que não possuem conhecimento completo e enfrentar os hipócritas religiosos. O pastor, que se preocupa com a reforma, deve também ver os campos brancos para a colheita. Precisa cultivar o amor pelos pecadores, que reflete o próprio coração de nosso Senhor.

No ardor da batalha em favor da verdade de Deus, envolvidos na correção de noções equivocadas sobre o evangelho e na exposição do erro da crença falsa, é grande a tentação de perdermos de vista os campos da colheita. O pastor e a igreja comprometidos à reforma completa e bíblica, nunca ficarão satisfeitos ao verem uma obra de santificação entre os crentes desacompanhada de uma obra de regeneração entre os não-crentes.

A verdade humilhadora sobre o evangelismo, mas repleta de esperança, é que um semeia e outro rega, mas somente Deus dá o crescimento. A obra de regeneração está além da habilidade humana.
É uma atividade soberana de Deus. "O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito" (Jo 3.8). O evangelismo, ou seja, levar o evangelho aos não-convertidos, é nossa responsabilidade. O Espírito usa o evangelho para regenerar os não-crentes. Portanto, em completa dependência do Espírito Soberano, devemos indiscriminadamente semear o evangelho, em nossa comunidade e ao redor do mundo.

Paulo preferiu anunciar o evangelho àqueles que nunca o haviam escutado (Rm 15.20,21). Não permitiu que nada o desviasse do grande privilégio e da responsabilidade de fazer discípulos de todas as nações. O evangelismo nunca deve colocar de lado o trabalho de reforma. Os discípulos, no livro de Atos, nunca o desprezaram; enfrentavam e corrigiam os problemas na igreja, sem deixar de lado seus contínuos esforços evangelísticos. A reforma genuína sempre incluirá uma ênfase sadia no evangelismo.

Fonte: Desafio à Reforma, Thomas K. Ascol - Editora Fiel