1. A verdadeira adoração é prestada a Deus somente
por aqueles que nasceram do Espírito de Deus. “Aquele que é nascido da carne, é
carne”, disse Jesus, e, portanto, toda assim chamada adoração feita por
pecadores não regenerados é carnal. Somente um coração regenerado pode cantar a
nova canção (Salmo 40:3).
2. A verdadeira adoração só pode ser realizada
através do Espírito Santo, “Os verdadeiros adoradores adoram o Pai em
espírito”, disse Jesus, e, portanto, unicamente através da iluminação que o
Espírito concede a nossas mentes, e os sentimentos dela produzidos em nossos
corações é que a nossa adoração pode ser edificante para nós e agradável a
Deus. Os dons de liderança concedidos pelo Espírito a pastores e mestres são
uma parte essencial da adoração pública.
3. A verdadeira adoração é estruturada pelas
Escrituras. “Os verdadeiros adoradores adoram...em verdade”, disse Jesus. A
Bíblia nos revela o Deus a Quem devemos adorar e como devemos fazê-lo: “com
reverência e santo temor”. As Escrituras produzem a atmosfera e fornecem os
temas, as orações, os louvores e a pregação. Dessa forma, possuímos um padrão
para conhecer o que é certo e o que é errado em tudo o que é falado e cantado.
Desfrutamos, também, uma maravilhosa liberdade de todas as tradições e
artefatos que são introduzidos por homens não espirituais, na inútil tentativa
de “tornar” a adoração mais importante e “significativa”. A verdadeira adoração
é essencialmente simples.
4. A verdadeira adoração é centralizada em Deus.
Não é centralizada na “inspiração”, tampouco nos sentimentos; nem mesmo é
centralizada em Jesus –– não somos adoradores só de Jesus. Ela se centraliza no
Pai. Disse Jesus: “os verdadeiros adoradores adoram o Pai”. Naturalmente, o Pai
só pode ser adorado através do Filho e o objeto da nossa adoração é a Divindade
como um todo: Pai, Filho e Espírito Santo. Certamente nós adoramos a Jesus, mas
é errado adorarmos somente a Jesus e torná-lo o centro da nossa adoração,
negligenciando o Pai.
5. A verdadeira adoração surge a partir de um
contínuo andar com Deus. Um homem que dificilmente pensa em Deus durante os
seis dias da semana, não está apto a adorá-lo corretamente no sétimo dia. Se
tal pessoa fala quanto está se “regozijando” na adoração, alguma coisa está
errada com ele! Ele está se entretendo ou está recebendo aquela vaga sensação
de desafio que o homem natural desfruta. Por outro lado, em meio à verdadeira
adoração, tal pessoa deveria sentir quanto está afastada de Deus e sentir uma
tristeza santa por sua negligência para com a glória do Senhor.
6. A verdadeira adoração requer preparação. Um
homem não pode simplesmente achegar-se à presença de Deus sem qualquer
preparação de coração e alma, e esperar, então, por uma “adoração instantânea”.
Davi disse: “Ao meu coração me ocorre: buscai a minha presença; buscarei, pois,
Senhor, a Tua presença” (Salmo 27:8). A verdadeira adoração, no dia do Senhor,
surge de uma mente preparada para Deus, encorajada por uma oração ardorosa pela
bênção do Senhor sobre a noite do sábado e a manhã do dia do Senhor.
7. A verdadeira adoração deveria ser acompanhada
pela meditação. Eis por que exortamos as pessoas a cuidarem da maneira com a
qual empregam o seu tempo após o término do culto. Todo o proveito advindo da
exposição e aplicação da Palavra de Deus pode ser destruído. A graça é uma
planta delicada, pode ser facilmente danificada. Se queremos aproveitar da
adoração prestada, isso deve ser feito por meio de uma tentativa verdadeira de
reter a principal lição da pregação.
8. A verdadeira adoração é sempre um produto e uma
perspectiva da grandeza de Deus e da nossa pequenez. O profeta Isaías vê a
grandeza de Deus e clama: “Ai de mim! Estou perdido! porque sou homem de lábios
impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o
Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Isaías 6:5). João, na ilha de Patmos, vê o
Senhor e nos diz: “Quando O vi, caí a seus pés, como morto” (Apocalipse 1:17).
Qualquer coisa de novo que introduzimos na adoração, que não tenha como
objetivo exaltar a Deus, é simplesmente uma concessão ao desejo por novidade
que, caracteriza todos os homens naturais.
9. A verdadeira adoração sempre é aceita por Deus.
Devemos ser muito cuidados para não abrigar pensamentos que inferiorizem a
nossa adoração! Expressões depreciativas, tais como aquelas que descrevem a
adoração como um “sanduíche de hinos”, somente encorajam a atitude que revela
que nossa adoração é forma, exterior e sem liberdade e que, se nós estivéssemos
realmente adorando, então deveríamos ter barulho, liderança espontânea e
excitação. Na realidade, na verdadeira adoração, as pessoas não ficam sempre
sentadas na ponta dos bancos imaginando quem será o próximo a dizer ou fazer
algo inesperado. Não, eles não devem concentrar-se muito nos meios de adoração;
seus pensamentos devem estar centralizados em Deus. A verdadeira adoração é
caracterizada pelo esquecimento de si mesmo e pela ausência de qualquer
concentração no homem. O publicano permaneceu em pé, distante, abaixou sua
cabeça e orou: “Ó Deus, sê misericordioso comigo, pecador”. Em nossos cultos,
dirigidos pelas Escrituras e dependentes de Cristo, estamos verdadeiramente
adorando a Deus; não deixamos simplesmente que as coisas caminhem, mas
unicamente queremos adorar; nós adoramos o Deus vivo em espírito e em verdade,
sabendo que o Pai está buscando ativamente tais pessoas que O adorem! Nós não
cremos que todas essas novas ênfases na espontaneidade e na condução da
adoração por homens, mulheres e jovens nos esteja levando a uma conscientização
maior sobre Deus e à verdadeira adoração. Pelo contrário, existem abundantes
evidências de que a adoração se encontra em declínio. Consideremos, por
exemplo, a mudança em nosso modo de nos endereçarmos a Deus, o que tem ocorrido
nos últimos vinte anos.
Será que isso representa um progresso e um
amadurecimento no culto e oração pública? O que será que significa essa nova
linguagem utilizada para orarmos: “Nós só queremos Te adorar, Te louvar”;
“Somente a Ti, Jesus, queremos adorar”? As frases truncadas e curtas podem ser
comparadas desfavoravelmente com os argumentos bem construídos e confiantes,
acoplados com a reverência constante observadas nas orações das gerações
anteriores.
10. A verdadeira adoração tem o seu clímax no dia
do Senhor. A liberdade que o povo de Deus desfruta sob a nova aliança não lhes
dá o direito de se reunirem somente quando se sentirem conduzidos ou dirigidos
a fazê-lo. Na igreja apostólica, a adoração tinha períodos pré-determinados
para ocorrer. No primeiro dia da semana eles se reuniam para partir o pão,
ouvir a Palavra de Deus e recolher as ofertas (Atos 20:7; 1 Coríntios 16:2).
Mesmo que eles não sentissem o mesmo ânimo para realizar essas coisas naquele
dia e se sentissem mais inclinados às coisas religiosas no terceiro dia, por
exemplo, era no primeiro dia que eles deviam reunir-se para adorar. O mesmo
pode ser dito hoje. Nós não somos “Adventistas do quinto dia”, daqueles que se
reúnem na quinta feira, à noite, e nos orgulhamos das bênçãos maravilhosas e da
fantástica comunhão quando o Senhor “realmente” se reúne com dez de nós. Não,
nós devemos reunir-nos no Espírito, no dia designado, o dia do Senhor, e com
todo o povo de Deus.
“Podemos muito bem dizer que adoramos a Deus, ainda
que não sejamos perfeitos. Porém, não podemos dizer que O adoramos, se nos
falta sinceridade”. (Stephen Charnock)
“Nós não vamos à igreja para adorar, porque a
adoração deveria ser a atividade e atitude constantes do cristão dedicado. Nós
vamos à igreja para adorar pública e corporativamente”. (John Armstrong)
“Muitos vêm ouvir a Palavra somente para satisfazer
seus ouvidos; eles apreciam a melodia da voz, a doçura suave da expressão, a
novidade do conceito (At.17:21). Isso é amar mais o enfeite do prato do que o
alimento em si; isso é o mesmo que desejar mais agradar a si mesmo do que ser
edificado. É o mesmo que uma mulher que pinta o seu rosto e se esquece de sua
saúde”. (Thomas Watson)
“Deus não pode ter concorrentes! Somente Ele deve ser louvado”. (John Armstrong)
Nota sobre o autor: Geoffrey Thomas é pastor da
Igreja Batista Alfred Place Baptist Church em Aberystwyth, País de Gales. Ele
também trabalha como Editor Assistente da Banner of Truth e do The
Evangelical Times.
Traduzido por: Eurico Correia
Fonte: Revista Os Puritanos.
Original em inglês: Banner of Truth - nº
153, junho/1976.
Nenhum comentário:
Postar um comentário